Ansiedade de performance - Você tem e eu também!
- Rebeca Ribeiro

- Sep 22
- 3 min read

"Teacher, em vez de me dar a aula do dia e depois um homework, me passa a matéria da aula com uma semana de antecedência para eu me preparar para a aula e já chegar sabendo?" - disse a aluna nas primeiras semanas de aula. PRIMEIRAS SEMANAS DE AULA! No creo!😱
Alguns alunos sentem que a sala de aula é uma arena, um local de testes, um exame de qi... Vou confessar que em todos esses anos na área de ensino de idiomas, conheci muitos professores que fazem esse clima sim - até tive alguns que faziam as aulas parecerem um duelo de cowboy. Muitas situações e pessoas podem puxar o gatilho da ansiedade de performance.
O que é isso?
É o medo de ser avaliado, de errar ou de não corresponder às próprias expectativas (ou às expectativas dos outros) durante uma situação em que precisa usar o inglês. Muitos adultos associam erro a incompetência. Então, na primeira aula, já se cobram perfeição para não parecer “menos capazes”. Só que essa lógica funciona na medicina, engenharia, direito… mas não em idiomas. Em línguas, errar é parte do processo natural. Esse "desencontro" gera frustração.
Eu me lembro de um aluno há pouco tempo, super frustrado porque eu apresentei um tema novo de gramática que ele nunca havia estudado antes e a cada frase com a nova estrututra ele dizia: "Aí me quebrou teacher! Poxa, eu não sabia isso, deveria saber, que ridículo!". Minha resposta: "Não, não deveria saber não! Nunca estudou isso uai!"
Cá pra nós: A vida, a sociedade, nós mesmos...tudo cobra alta performance 100% do tempo. Nós vemos aqueles vlogs de rotina perfeita e altamente produtiva com um olhar auto-crítico e comparação - e como a maioria de nós não vive uma vida em que ligamos a câmera e voltamos para a cama para fingir que estamos acordando às 4:00 para fazer skincare e nos preparar para um dia produtivo, tão produtivo quanto o de uma máquina - nos sentimos um fracasso, low-performance e até achamos constantemente que somos preguiçosos sem ser.
Levar esse sentimento para a sala de aula não é legal. Olha só: Ansiedade = adrenalina. A adrenalina é o hormônio da resposta de luta ou fuga. Ela deixa seu corpo em estado de alerta, acelera os batimentos, aumenta a tensão muscular... enfim, é ótima para correr de um cachorro bravo, mas a longo prazo, o cortisol que vem quando você não relaxa atarapalha sua mente de funcionar bem porque desvia a energia para o coração e músculos. O cérebro fica com menos pique e rende menos.
Outro detalhe: O hipocampo - bem na altura das suas orelhas no meio da sua cabeça - é extremamente sensível ao cortisol, se ele estiver alto, você estuda, estuda e não grava nada!
Vamos resolver isso
Respire fundo antes de falar – a respiração lenta e consciente reduz a frequência cardíaca e sinaliza ao corpo que não há ameaça real.
Aceite o erro como parte do processo – errar em inglês não é fracasso, é treino. Cada deslize mostra que você está praticando.
Comece pequeno – em vez de pensar em discursos, foque em frases curtas e situações cotidianas. Aos poucos, vá se expondo mais.
Reforce vitórias imediatas – valorize o fato de ter conseguido se apresentar, entender uma piada ou pedir algo em inglês. Essas conquistas sustentam a motivação.
Pratique em ambientes de baixo risco – gravar áudios para si mesmo, treinar com colegas de confiança ou simular diálogos tira a pressão do julgamento externo.
Desvie o foco de si para a mensagem – concentre-se no que quer comunicar, não em como está sendo avaliado.
Então...
A ansiedade de performance não desaparece de um dia para o outro, mas pode ser domada com prática e consciência. O segredo está em lembrar que aprender inglês não é uma competição olímpica, mas sim uma maratona de pequenas tentativas. No fim das contas, ninguém vai ganhar medalha por falar sem sotaque; o verdadeiro prêmio é conseguir pedir um café em Londres sem que tragam chá por engano.



