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Etiqueta e Comunicação: Inglês vs. Português

  • Writer: Rebeca Ribeiro
    Rebeca Ribeiro
  • Mar 17
  • 6 min read

Educação para uns, incômodo para outros. O que é educado para nós, pode ser inconveniente para os nativos do inglês. Aprenda o que fazer e o que não fazer.
Educação para uns, incômodo para outros. O que é educado para nós, pode ser inconveniente para os nativos do inglês. Aprenda o que fazer e o que não fazer.

A linguagem não é apenas um conjunto de palavras e regras gramaticais – ela carrega cultura, valores e, principalmente, etiqueta. O que é considerado educado e elegante no Brasil pode não ser interpretado da mesma forma em países falantes de inglês. Pequenos gestos, expressões e até mesmo o tom de voz podem mudar completamente a percepção que as pessoas têm de você.


Neste artigo, vamos explorar as principais diferenças na etiqueta sociolinguística entre falantes de português e falantes de inglês, destacando costumes dos Estados Unidos, Reino Unido, Canadá e Austrália.

A Formalidade no Uso da Língua


Uma das maiores diferenças entre o português e o inglês está no nível de formalidade esperado em cada situação.


No Brasil:

No português, a formalidade está fortemente ligada ao uso do "senhor" e "senhora", além do tratamento na terceira pessoa em ambientes formais.


  • "O senhor poderia me ajudar?" (formal)

  • "Você pode me ajudar?" (informal)


Falar "você" para pessoas mais velhas ou desconhecidas pode soar desrespeitoso dependendo da região. Além disso, tratamos professores, médicos e figuras de autoridade com títulos e sobrenomes, como "Doutor Silva" ou "Professor João".


Nos países de língua inglesa:


Nos Estados Unidos, Reino Unido, Canadá e Austrália, a formalidade na língua falada é muito menor. O uso de "Mr." e "Ms." ainda existe, mas no dia a dia, a maioria das pessoas prefere se chamar pelo primeiro nome, independentemente do status.


  • Nos EUA, é comum chamar o chefe pelo primeiro nome.

  • No Reino Unido, o tom de voz indica mais respeito do que o uso de títulos.

  • No Canadá, ser excessivamente formal pode parecer distante ou antiquado.

  • Na Austrália, a cultura é extremamente casual, e "mate" (amigo) pode ser usado até mesmo no ambiente de trabalho.


No geral, a regra no inglês é: formalidade excessiva pode criar uma barreira social.


A Importância do "Please" e "Thank You"


Se você já teve contato com nativos de inglês, percebeu que o uso de "please" (por favor) e "thank you" (obrigado/a) é essencial.


No Brasil:

No português, usamos "por favor" e "obrigado" regularmente, mas sem exageros. Em situações informais, muitas vezes apenas o tom de voz gentil já comunica a educação.

Por exemplo, em um restaurante, é comum pedirmos assim:


  • "Me vê um café?" (informal, mas não rude)

  • "Me vê um café, por favor?" (um pouco mais educado)


Nos países de língua inglesa:

Se um nativo de inglês ouvisse "Me vê um café?", ele poderia interpretar como grosseiro ou rude. No inglês, as frases educadas são muito mais longas e indiretas:


  • "Could I get a coffee, please?" (Posso pegar um café, por favor?)

  • "I’d love a coffee, thank you!" (Adoraria um café, obrigado!)


Pedir algo sem "please" pode soar mandão e até ofensivo.


No Reino Unido, os britânicos podem até exagerar no "please" e "thank you", repetindo diversas vezes durante uma interação:


  • "Could I have a glass of water, please? Thank you! Oh, thank you so much!"

Essa "excessividade" britânica pode soar exagerada para brasileiros, mas é vista como sinal de cortesia e refinamento.


Conversas com Estranhos: Quem Puxa Assunto?


No Brasil:

Brasileiros são extremamente sociáveis, e é normal puxar conversa com desconhecidos na fila do mercado, no elevador ou até mesmo no transporte público. Além disso, tocamos muito uns nos outros enquanto falamos.


  • Um brasileiro pode dizer algo como: "Nossa, tá quente hoje, né?" para iniciar uma conversa com um estranho.

  • Um toque no braço ou um tapinha nas costas é visto como um gesto amigável.


Nos países de língua inglesa:

  • Nos Estados Unidos, as pessoas são amigáveis, mas há uma regra não escrita sobre dar espaço ao outro. Puxar conversa no elevador pode ser estranho.

  • No Reino Unido, falar com desconhecidos pode ser desconfortável. Os britânicos valorizam a privacidade e o silêncio em locais públicos.

  • No Canadá, as pessoas são educadas e podem conversar, mas sempre mantendo uma certa distância física.

  • Na Austrália, a cultura é bem descontraída, então iniciar uma conversa com um desconhecido pode ser mais comum, especialmente em lugares como praias ou bares.

Se um brasileiro for muito falante e tocador em um país de língua inglesa, pode acabar parecendo invasivo.


Cumprimentos: Beijo no Rosto ou Aperto de Mão?


No Brasil:

  • Cumprimentamos com um beijo no rosto (ou dois, dependendo da região).

  • Abraços são comuns, até entre conhecidos recentes.

  • Um aperto de mão firme é esperado em situações mais formais.


Nos países de língua inglesa:

  • Nos Estados Unidos e no Canadá, as pessoas costumam evitar o contato físico com estranhos. O mais comum é um aperto de mão rápido.

  • No Reino Unido, o aperto de mão é sempre discreto, sem apertar demais. Beijos no rosto só acontecem entre amigos próximos.

  • Na Austrália, um aperto de mão pode ser trocado por um aceno de cabeça ou até um simples "Hey, mate!" sem contato físico.


Se um brasileiro chegar cumprimentando com um beijo no rosto, pode acabar deixando um nativo de inglês desconfortável.


O Jeito Direto vs. Indireto de Falar


No Brasil:

  • Brasileiros costumam ser mais diretos quando querem algo.

  • Se um amigo nos convida para algo que não queremos, podemos simplesmente dizer: "Ah, hoje não dá" sem grandes explicações.


Nos países de língua inglesa:

  • Nos Estados Unidos e na Austrália, as pessoas são diretas, mas ainda usam "softeners" (suavizadores), como:

    • "I don’t think I can make it tonight." (Acho que não vou conseguir ir hoje.)

  • No Reino Unido e no Canadá, o jeito de negar algo pode ser ainda mais indireto para não soar rude:

    • "I’ll think about it!" (Vou pensar nisso!) – Muitas vezes significa "não".

    • "Maybe another time." (Talvez outra hora.) – Uma forma educada de recusar.


Se um brasileiro for muito direto, pode parecer rude ou frio. Se for muito indireto, pode confundir os nativos de inglês.


A etiqueta sociolinguística pode ser um desafio para quem aprende um novo idioma, mas entender essas diferenças culturais ajuda a evitar mal-entendidos e melhora a comunicação.

No final das contas, a chave para parecer educado e elegante em qualquer língua é simples: observe, adapte-se e sempre seja gentil.

Recomendações de leitura


Se você quer se aprofundar na etiqueta sociolinguística e nas diferenças culturais entre o Brasil e os países de língua inglesa, aqui estão alguns livros essenciais:


  • Watching the English: The Hidden Rules of English Behaviour – Kate Fox

Este livro analisa de forma bem-humorada e detalhada os comportamentos típicos dos britânicos, desde a forma como se comunicam até como demonstram educação. Kate Fox, uma antropóloga social, revela regras sutis de etiqueta que podem passar despercebidas para estrangeiros. Se você quer entender o famoso "humor seco" britânico, a ironia e o uso excessivo de "sorry" e "please", essa leitura é essencial.

  • The Culture Map: Breaking Through the Invisible Boundaries of Global Business – Erin Meyer

Um guia indispensável para quem precisa lidar com diferenças culturais no ambiente de trabalho. Erin Meyer explica como a comunicação varia entre diferentes países e como evitar mal-entendidos ao interagir com colegas e clientes internacionais. O livro aborda temas como graus de formalidade, linguagem indireta vs. direta e como a percepção de educação varia globalmente.

  • Etiquette Guide to the USA: Know the Rules that Make the Difference! – Nancy Mitchell

Se você quer entender como funciona a etiqueta nos Estados Unidos, desde o comportamento em jantares formais até a maneira mais educada de abordar alguém no dia a dia, este livro é uma excelente referência. Nancy Mitchell explica as normas sociais americanas de maneira prática e acessível, ideal para quem deseja evitar gafes ao interagir com falantes de inglês nos EUA.

  • British Etiquette: The Myths and Realities of the English Social Code – Paul Langford

Este livro faz um panorama sobre a evolução da etiqueta britânica ao longo dos séculos, explicando como tradições, classe social e linguagem moldaram o comportamento inglês. Se você quer saber como agir em eventos sociais no Reino Unido ou compreender a sutil formalidade britânica, essa leitura é um ótimo ponto de partida.

Esses livros vão te ajudar a desenvolver uma comunicação mais natural e elegante em inglês, evitando gafes e fortalecendo sua conexão com falantes nativos. Afinal, falar um idioma não é apenas saber palavras e regras gramaticais – é entender a cultura por trás da comunicação.



                     


Rebeca Ribeiro da Silva

Fluency Expert

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